#Só por hoje#
- CriAção - Mary Campos
- 17 de jun. de 2019
- 3 min de leitura
Atualizado: 5 de jul. de 2019
Com certeza você também já se paralisou em algum ponto da jornada quando imaginava o caminho à sua frente e começava a duvidar de sua própria capacidade de realizar o percurso. Às vezes a dúvida pode nos fazer paralisar e deixamos de realizar projetos e sonhos. Duvidamos dos nossos talentos.
Por quê falar sobre isto hoje?
Já faz alguns anos que escrevo além dos livros histórias infantis. Aliás, elas vieram antes, muito antes... Já faz uns vinte e tantos anos eu estava participando de um workshop terapêutico quando comecei a criar uma história e naquele momento não tinha nenhum papel que eu pudesse usar então eu peguei o extrato do banco e no avesso dele eu escrevi o que me vinha de inspiração. Este papel ficou guardado por muitos e muitos anos até que eu tivesse coragem de transcrever a história para o computador antes que ela se apagasse totalmente. Interessante que eu gostava do que havia escrito mas não lhe dava o respectivo valor. Com o tempo, muitas outras histórias foram surgindo e eu já podia colocá-las em uma pasta designada para elas no computer e lá ficaram adormecidas tal qual a "Bela Adormecida", esperando por um evento mágico que as tirassem daquele lugar seguro e possibilitasse o surgimento das formas e das cores que lhe proporcionassem mais vida. Sim, as histórias quando são capturadas pelos pincéis, lápis, papéis ganham uma personalidade única, se apropriam de si mesmas e ai já não podemos mais segurá-las dentro de nós.
Quando estava morando na Austrália eu comecei a ocupar minhas tardes com a ilustração do livro "Cada Suspiro é um Flash", história inspirada no nascimento do meu primeiro neto, o Pedro, e foram tardes de muito movimento interno. Comecei a desenhar com muita dificuldade, afinal de contas, quem era eu para estar ilustrando histórias? Mesmo depois de realizar exposições, de me lambuzar nas cores e pincéis onde me permito expressar livremente, me imaginar desenhando várias páginas com sequencia estruturada não era muito confortável para mim.
A crítica que habita em mim tornava a minha mão mais pesada e assim pude viver uma batalha que aos poucos cedeu espaço para àquela parte minha que diz "dane-se" em vez de brigar vou desfrutar e surgiu vitoriosa a "Coleção da Vovó Mary".
A história foi traduzida para o francês e publicada na Amazon já faz quase dois anos e eu ainda não a divulguei (até agora). Como fazê-la chegar aos olhos e ouvidos das crianças se eu não avisei a sua existência?
Percebi que tenho a facilidade de capturar o momento vivido transformando-o em uma história e no decorrer do meu tempo sabático escrevi no mínimo mais umas cinco histórias que tem ficado "empoeiradas" nos arquivos do computador.
Já faz agora uns dois anos que estou ilustrando "A menina e a Flor" escrita na Índia e já teve três versões de imagens sem chegar a uma finalização.
Que raios de sabotagem é esta? Sabe de uma coisa, assim como a demora em escrever este blog, percebo que por mais que eu seja uma pessoa que realiza, ainda procrastino muito. Agora chega! Hoje terminei os desenhos desta história e daqui a pouco estará editada e publicada.
Quantas vezes você não deixou de realizar algo porque acha que "ainda" não está bom o suficiente? Tenho autocrítica, sei que não sou uma ilustradora profissional, mas, quero colocar este projeto para frente, gosto de contar histórias, gosto de brincar com as cores, gosto deste espaço para "falar" com as crianças e sendo assim, começo nesta partilha com você me desnudando. Agora sai.
Só por hoje eu me permito expressar sem críticas, só por hoje.
"A Menina e a Flor"

Comments