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Sair do marasmo

  • Foto do escritor: CriAção - Mary Campos
    CriAção - Mary Campos
  • 25 de jul. de 2019
  • 2 min de leitura

Hoje quero falar um pouco sobre esses momentos em que parece que não está acontecendo nada na vida da gente. Parece que tudo é muito igual, a estabilidade toma conta do dia desde o seu anúncio nas primeiras horas da madrugada e tudo tem um gostinho de "isto eu já sei", "tá tudo igual" e ficamos com a sensação de que nada de novo também tem a chance de de anunciar.

Tem períodos da minha vida em que esta sensação me preenche e me sinto sendo devorada pela mesmice. Em momentos assim fico com a impressão de que não consigo criar, é o famoso "deu branco", só que ele não acontece somente numa folha de papel ou tela em branco, ele insiste em descolorir as criações num sentido mais amplo.


Criar objetos e novas formas de relacionamentos podem passar por um período de aridez que precisa de um sopro mais forte, às vezes até de uma ventania para que a poeira seja levantada para que possamos sair do lugar e nossas forças sejam restabelecidas.

Às vezes fico incomodada quando me sinto neste período, mas, aos poucos vou aprendendo que estou em um dos pontos dos ciclos naturais da vida: destruição, criação, conservação e destruição......

Quando tudo parece estático, temos a sensação de que não temos mais idéias, que as forças estão esgotadas, que os dias ficam sem graça e este pode ser o momento da incubação, a gestação de novos processos e de uma nova etapa de vida.


Quando me percebo mais estável, sem grandes novidades, vivendo a rotina do dia a dia, começo a ficar atenta ao que meu corpo começa a me informar. Sim, tem uma gestação acontecendo e como toda gestação ainda não sabemos que estamos grávidas.


Aos poucos os primeiros sinais acontecem: meu olhar começa a ficar mais aguçado para as coisas simples do cotidiano, um objeto qualquer da casa me ativa a sensibilidade para a forma, a paisagem dos caminhos que faço me ativam a percepção de profundidade, os sons que chegam aos meus ouvidos me fazem criar uma melodia harmônica com os ruídos, os gestos das pessoas caminhando pelas ruas me sensibilizam para a dança do cotidiano, as cores das vestimentas das pessoas me mostram novas formas de combinação de cores e meus pensamentos ganham novas vias de acesso com tantos estímulos novos. De repente me percebo criando, gestando novas obras. Aos poucos a "barriga" vai crescendo e sem que perceba estou "parindo" algum projeto. Um livro, telas, peças de vestiário, bolsas, cursos, palestras. Vou trazendo ao mundo concreto o resultado do que chamava de "marasmo". Olho para cada coisa que crio com cuidado e dedicação, assim como a um filho, vou nutrindo, dedicando tempo e carinho até que fortalecidos possa já estar realizando sua função.

É um período de animação, é gostoso ver o resultado da "gestação" mas logo sei que estarei novamente sentindo o gostinho de um vento soprando forte agora para destruir minhas certezas conquistadas.


Com o tempo fui aprendendo a passar por estes ciclos com a graça da criança que apoiada pela sabedoria de todas as conquistas pode saborear cada fase com mais leveza e alegria.


Fluir com o que a vida nos traz.

Gratidão "criança minha".






 
 
 

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